Nova tecnologia de televisão já tem marca comercial e está em fase de testes
A Rede Legislativa de Rádio e Televisão Digital promoveu nos dias 3 e 4 de julho um encontro para debater a expansão e o futuro da entidade. O evento aconteceu no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, com a participação de representantes e emissoras e outras instituições públicas ligadas à radiodifusão e à comunicação pública.
O presidente da Associação Brasileira de Televisão e Rádio Legislativa (ASTRAL), Gerson de Castro, compôs a mesa de abertura do evento ao lado de outras autoridades e representantes políticos, como: Wilson Diniz Wellisch, secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações; o deputado federal Marx Beltrão, que é secretário de Comunicação Social da Câmara dos Deputados; e Luciana Rodrigues Pereira, diretora da Secretaria de Comunicação Social do Senado Federal; entre outros.
Um dos principais temas debatidos nos dois dias foi o desenvolvimento da TV 3.0, nova tecnologia de radiodifusão que vai aprofundar a integração entre televisão e internet, promovendo grandes mudanças na produção, no consumo e distribuição de informações.
- (A TV 3.0) É um novo nicho, é um novo mercado de comunicação e é uma nova ferramenta de comunicação entre os parlamentos e a população brasileira. Então, nada mais necessário do que promover discussões como essa, sobre inteligência artificial, sobre a TV 3.0, que é o novo salto tecnológico da TV brasileira – disse Gerson de Castro.
A expectativa é a de que o Ministério das Comunicações publique nas próximas semanas o decreto presidencial de regulação desse novo sistema. Wilson Wellisch adiantou que existe a intenção de tornar a TV 3.0 uma realidade para a população brasileira já na Copa do Mundo de 2026.
- É muito importante falar da sinergia com o campo público. Há campos específicos do decreto para fortalecer a rede pública. Existe, inclusive, um trecho que fala de um aplicativo de governo digital, de TV 3.0, que vai ser disponibilizado para a população brasileira, e eu tenho certeza que tanto a Rede Legislativa quanto a EBC e todos os serviços que possam ser disponibilizados vão estar abarcados no programa – disse Wellisch.
O engenheiro Carlos Neiva, supervisor da Rede Legislativa e vice-presidente de Redes e Tecnologias da ASTRAL, lembrou que a TV 3.0, também conhecida como DTV+, já está em operação pela TV Globo, em fase de testes no Rio de Janeiro. Ele reforçou, ainda, que no SET Expo 2025, maior evento de tecnologia e negócios da América Latina, a ser realizado em São Paulo entre os dias 18 e 21 de agosto, a Anatel também vai fazer transmissões experimentais dessa nova modalidade de televisão.
O pesquisador Marcelo Moreno, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e da empresa Atlantis, que ganhou a concessão para desenvolver o aplicativo das emissoras do campo público da radiodifusão, fez uma apresentação em que listou as três fases nas quais tem se desenvolvido a TV 3.0
A primeira delas foi em 2020, quando o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) e o Ministério das Comunicações começaram a traçar a configuração do modelo do sistema. Naquele momento, o Fórum lançou uma chamada em que, ao todo, 36 instituições de todo o mundo enviaram propostas buscando atender aos requisitos previstos nos princípios que norteariam a nova TV.
- Todos esses requisitos estavam muito guiados pela mudança de comportamento, dos hábitos de consumo das pessoas, por conta da penetração na sociedade da banda larga, do streaming, das redes sociais, da personalização que este contexto traz. A TV aberta também pode evoluir e trazer essas mesmas experiências – afirmou Moreno.
Na fase dois, em 2021, instituições de pesquisa foram convocadas para avaliar se as tecnologias submetidas à chamada do ano anterior atendiam aos requisitos. Esta etapa contou com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Marcelo Moreno contou que a maioria das propostas vieram de fora do Brasil, e que as submissões nacionais foram feitas por instituições acadêmicas de pesquisa.
Já a terceira fase de desenvolvimento da TV 3.0 abarca os anos de 2022 até 2024, quando foram feitos testes complementares, processos mais avançados de normatização e demonstrações dos trabalhos. Neste momento, houve participação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa como instituição gestora do orçamento, cujo financiamento é do Ministério das Comunicações. No fim desta fase 3, houve a criação da marca DTV+ para padronizar e facilitar a identificação da plataforma de TV aberta dentro do sistema.
Carlos Neiva explicou que haverá um aplicativo de acesso para a Rede Legislativa, mas que cada emissora também terá a sua plataforma específica para transmitir conteúdos, dar informações no formato de serviços e promover a interação com os públicos.
A jornalista Daniela André, diretora da TV Câmara, mencionou quais seriam os principais desafios para implementar o novo modelo de televisão nas casas legislativas. Segundo ela, o desafio número um é o custo para renovar equipamentos, de maneira a, inclusive, garantir a transmissão em full HD nas quatro faixas da TV 2.0, que hoje vigora no Brasil.
“Para isso, é importante haver o patrocínio institucional nesse investimento de renovação” disse ela, que listou outros desafios: equipes treinadas para este contexto, integração com outras unidades da instituição; adequada infraestrutura de rede e tecnologia da informação, entre outros.
- No momento em que (a TV 3.0) for para o ar, é um trabalho de tentativa e erro, é uma inovação. Vamos colocar no ar coisas que vão dar certo, outras que vão dar errado. Vamos ter que acompanhar e monitorar isso para trazer melhorias sempre – disse Daniela André.
Em sua apresentação, o vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da ASTRAL, Erico da Silveira, afirmou que, com a TV 3.0, o trabalho dos profissionais deste campo, em especial das emissoras legislativas, vai mudar profundamente. Dois dos conceitos que ele apresentou são: a personalização do conteúdo produzido e apresentado ao telespectador; e a necessidade do trabalho em rede.
- A TV 3.0 vai correr atrás de um prejuízo que a comunicação de radiodifusão tem em relação às novas tecnologias, que conseguem acessar os cidadãos de uma forma completa. Ou seja, eu entrego para eles o que eles têm de mais personalizado, de mais pessoal individualizado – afirmou Silveira.
Programa Brasil Digital
Na ocasião, foi apresentado o andamento das 300 emissoras contempladas pelo programa Brasil Digital, do Ministério das Comunicações, cujo objetivo é ampliar a oferta do serviço de radiodifusão de sons e imagens no país, inclusive para áreas rurais e ribeirinhas.
- O nosso compromisso, como secretário de Comunicação Social da Câmara dos Deputados, é de total apoio ao crescimento da Rede Legislativa. Isso significa buscar soluções pra ampliar o número de canais em operação, avançar na modernização tecnológica, apoiar tecnicamente os legislativos locais, estimular a formação continuada de profissionais e incentivar a produção de conteúdos relevantes e acessíveis e atrativos para a população – comentou o deputado federal Marx Beltrão.
Criada em 2012, a Rede Legislativa de Rádio e TV Digital, supervisionada pelo Câmara dos Deputados, conta com mais de 1.500 canais em todo o Brasil, atingindo quase 130 milhões de pessoas de mais de 2.000 municípios. Uma das instituições mais recentes a aderir à Rede é a Câmara Municipal de Cuité, na Paraíba. O presidente do parlamento da cidade, de 20 mil habitantes, assinou o documento de filiação durante o Encontro.
- Isso vai trazer muitas informações dos legislativos municipal e federal para que a população possa ter ciência do nosso trabalho – disse Dagmando Lopes, presidente da câmara de Cuité.
O encontro da Rede Legislativa foi transmitido ao vivo pelo Youtube da Câmara dos Deputados. Assista:
3 de julho
4 de julho
Bruno Lara / ASTRAL.
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